Se uma inteligência, em determinado instante, pudesse conhecer todas as forças que governa o universo e as posições de cada ser que o compõem;se,alem disso,essa inteligência fosse suficientemente grande para submeter essas informações a analise,teria como?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Situação Subjacente

Em 1680, um grande cometa cruzou nossa vizinhança no sistema solar, passando perto o suficiente para que a fração de luz do sol refletida pudesse ser vista com bastante destaque no céu noturno. O cometa foi vislumbrado pela primeira vez durante a parte da orbita terrestre chamada novembro, e nos meses seguintes foi um objeto muito estudado, tendo seu trajeto registrado de maneira muito detalhada. Em 1687, Isaac Newton usou esses dados como exemplo de sua lei da gravitação universal, na qual a força gravitacional é proporcional ao inverso do quadrado da distancia entre os corpos. E uma outra noite de céu limpo, na porção de terra chamada Basiléia, na Suiça, outro homem destinado à grandeza também estava prestando atenção. Era um jovem teólogo que, fitando a cauda brilhante e nebulosa do cometa, deu-se conta de que queria dedicar sua vida a matemática, e não a igraja. Dessa decisão nasceu não apenas umanova carreira para Jokob Bernoulli, como também o que se tornaria a maior arvore da genealogia na historia da matemática.
Na época, os teólogos e o publico em geral considerava os cometas sinais da ira divina; pelo visto, deus estava bastante irritado ao cair aquele ultimo cometa, que ocupava mais da metade do céu visível. Um padre afirmou ser “um alerta celestial do Deus Santo Todo-Poderoso, escrito e colocado ante os impotentes e profanos filhos dos homens”. Segundo ele, o cometa prenunciava “uma notável mudança no espírito ou nas questões mundanas” para seu país ou vilarejo. Jokob Bernoulli via a coisa de outra forma. Em 1681, publicou um panfleto intitulado Metodo recém-descoberto sobre a possibilidade de reduzir o trajeto de um cometa ou estrela caudada a certas leis fundamentais, e prever seu aparecimento.
Bernoulli foi 6 anos mais rápido que Newton na questão do cometa. Ou ao menos teria sido, se sua teoria estivesse correta. Não estava, mas afirmar publicamente que os cometas seguem uma lei natural e não os caprichos divinos era uma atitude destemida, especialmente se tivermos em conta que no ano anterior – quase 50 anos após a condenação de Galileu – Peter Megerlin, professor de matemática da universidade de Basiléia havia sido severamente atacado por teólogos por aceitar o sistema copernicano, sendo então proibido de lecionar na universidade. Havia em Basiléia um sombrio cisma entre os matemáticos cientistas e os teólogos, e Bernoulli acabava de se posicionar abertamente ao lado dos cientistas.
O ponto onde quero chegar é que Bernoulli acreditava que, para podermos tomar decisões racionais, precisamos de um método matemático confiável para determinar probabilidades. Essa visão refletia a cultura da época, na qual a condução dos negócios pessoais de maneira consistente com a expectativa probabilística seria considerada a marca de uma pessoa razoável.porem, na opinião de Bernoulli , a velha teoria da aletoriedade não era limitada apenas pela subjetividade. Ele também reconheceu eu a teoria não se adequava a situações de ignorância, nas quais as probabilidades dos diversos resultados poderia ser definidas em principio, mas na pratica eram desconhecidas. Essa é a questão: qual a chance deque um dado irregular caia no numero 6? Qual minha chance de contrair uma doença viral? Qual a probabilidade de que a sua armadura resistia ao golpe da espada de seu oponente? Tanto nas situações subjetivas como nas de incerteza, para Bernoulli seria “insano” imaginar que poderíamos ter alguma espécie de conhecimento prévio, ou a priori, sobre as probabilidades, como o apresentado no livro de Huygens.
Na vida real, não costumamos observar o desempenho da vida de alguem, ou de alguma coisa ao longo de milhares de provas. Assim, quanto Bernoulli exigia um padrão de certeza excessivamente estrito, nas situações da vida real costumamos cometer erro oposto: presumimos que uma amostra ou serie de provas é representativa da situação subjacente, quando na verdade, a serie é pequena demais para ser confiável.
Bem, digamos que a falácia dos jogadores é uma ilusão poderosa.

Um comentário:

  1. Dedicamos um tempo precioso para racionalizar eventos que não são traduzíveis em lógicas cartesianas. A ciência compreende em parte os fenómenos - assim é a nossa limitada consciência. Cometas são imensos blocos de gelo (sujo) em viagem pelo espaço, mas também simbolizam mudanças em nosso mundo sublunar, como outros eventos celestes.

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